Oceanus
Autor: Frederico De Castro on Thursday, 4 June 2015
Desembarcámos ontem
longamente transfigurados
em ondas ardentes
assaltando marés puras onde
contamos fustigados nos ventos
cada pedacinho de onda navegando
em nossos mares salgados
afogando-nos em predominantes aromas
que perfumam implacáveis oceanus
de vida sorrindo em torrentes
devastadoras,empolgadas
– Reflectem eles
toda a imensidão imparável das marés
fluindo e serpenteando
nossas praias entreabertas lusitanas
com suspiros temperados a bordo de um veleiro
onde navegamos
sem plano ou destino
rumo ao cais de chegada
ávido de silêncios brunindo
no azul marinho excedente
nas margens deste tempo
que se dissipa confidente
– Queria ser feliz
assim que aportes
meu quotidiano submerso
aos olhares cúmplices da noite
Sossegar-te-ei cada dia
quando tua envergadura enxugar tantas lágrimas
derramadas além mar
quando os anjos viajarem felizes nos céus
e nós
repletos de luares magníficos
sepultarmos cada margem
onde pernoitámos ao colo destes oceanus
marulhando tímidos
porque nos embriagámos em torrentes
ornamentadas de paixão
– Vem e naufraguemos nas areias serenas
onde clandestinamente ostentámos
os amores urgentes
os olhares coniventes
as revelações flagrantes
– Vem e inundemos licorosamente
esta agitação marítima que se
precipita esplêndida e adocicada
a estibordo
que nutre excitante nossos oceanus
sorvendo-nos fantásticos
até passar a reverberação
e nós então quase fatídicos
nos entregando nesta maresia
de paz, recíproca
- Enfeita-te entusiástica
rompendo o tempo que se extasia
ao dirimir faminta nossos elos cogitados
no curso palpitante de cada memória
contida neste coração
alimentando os oceanus onde pesco
voláteis aromas de vida
gentis belezas
desencaixotadas no buliçoso
tempo onde translado
tua formosura tão atrevida
FC
Género: