Olá, guardador de rebanhos
Autor: Alberto Caeiro on Wednesday, 26 December 2012
1ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa: Jan. 1925.
«Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»
«Que é, vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?»
«Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.»
«Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.»
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