ONDE MORA O FADO VADIO
ONDE MORA O FADO VADIO
Onde mora o fado vadio Lisboa
Que se cantava com alma e com verdade
Nessas velhas tabernas
Que iam de Alfama à Madragoa.
E numa noite onde me bateu a saudade
Percorri travessas e vielas
E de velhas tabernas
Onde o fado era Rei nada vi.
Oh que saudades tenho eu
Das tascas desta linda cidade
Onde se comia um caldo verde verdinho
Com rodela de chouriço a fumegar.
Pasteis de bacalhau quentinhos
Com um copo de vinho
Tirado na hora do pipo
E servido de bandeja a escorregar.
Enquanto no canto da sala
Se ouvia o fado castiço
Nas vozes roucas mas afinadas
Choravam as guitarras a trinar.
E no Manel do Caldas
Onde a sala cheia de arte toureira
Se saboreava o choco frito
E morangueiro em malga de barro borbulhava.
E sentada numa escada vi uma velhinha
A quem perguntei se sabia onde se cantava
Com voz rouca e sentida o fado vadio
A que me disse que há muito o não via.
E de madrugada, chorei
E na angustia perguntei a Lisboa
Se sabia onde morava o fado vadio
Oh triste fim foi o teu fado.
(Carlos Fernandes)
Comentários
Carlos Alberto ...
Sáb, 12/12/2015 - 20:39
Permalink
Assim é meu amigo A.Pina o
Assim é meu amigo A.Pina o fado é saudade e histórias da vida que é um fado.Bem haja.
Madalena
5ª, 17/12/2015 - 12:57
Permalink
O fado escrito no poema, trás
O fado escrito no poema, me trás belas recordações de Lisboa! Cidade linda, embora alguma coisa mudou; mas continua bela...
Abraços!