OS BENS DO POBRE

Os Bens do Pobre
 
Tempos difíceis que o homem não resolve,
Tudo se encontra desencontrado,
Sem que se encontre num emaranhado,
Nada e tudo, coisas sem fim,
Pertences sem valor ou interesse,
Como o homem que os tem.
 
Não sei porque razão, 
Ainda os quer ter,
Prende com toda a força a razão, 
Do bem que lhes quer,
Ter posse de uma coisa, 
Que nem a morte a quer ter.
 
Vagueia pelo meio das tralhas, 
São objetos sem valor,
Deitadas sem nexo para o lixo,
Sem nenhum despudor,
Que nem o tempo o quer reter,
Cujo pobre se agarra 
Com ambas as mãos sujas e enrugadas.
 
E mesmo que venha alguém,
Que diga que não convém,
Manter este desdém,
Porque de lixo se trata,
O pobre mesmo com as mãos enrugadas,
Se agarra aquilo que lhe convém.
 
(Carlos Fernandes)
 
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