OS GUARDA-CHUVAS

Os guarda-chuvas

  Estamos no Inverno, embora nos informem que as condições climatéricas a mudar e aquela estação, está longe do que era, sem muita pluviosidade e com calor. Apesar de tudo quase ninguém esquece um guarda-chuva, quando é abundante.

 Há-os de todas as maneiras, feitios, custos, mas os mais baratos encontroo-mos na Lojas da China, proliferadas por todo o Território Nacional, apesar de ser pioneira, os importados costumam meter água por todos os lados. É de referir que há mais de dois mil anos a.C., já os chineses os usavam, seguidos pelo Egipto, Assíria e Grécia. Eram umas simples sombrinhas que os obrigava da chuva e do tórrido sol.

 No século XVI chegaram à Europa, inicialmente aos Países Nórdicos e só mais tarde se entendera pelo resto do Continente Europeu.

 O aperfeiçoamento evolui e encontram-se em países com grande poder de compra de cem a quinhentos euros, chapéu-de-chuva construído com cabos maciços de nogueira, cerejeira, carvalho, castanheiro, em forma de tigres, de crocodilos, rinoceronte, de cão e outros animais, forrado com ótimos tecidos e com as varetas, com oito a nove varetas resistentes.

 Entraram em Inglaterra pela mão de Jonas Hanway que esteve alguns anos em Lisboa, aprendeu o gosto de o utilizar e nunca o largou, e levando o seu uso para a comunidade inglesa. Durante trinta anos foi o único cidadão de Sua Majestade a usá-lo em Londres, onde chegou a ser ridicularizado. Com a revolução industrial começou um hábito de muitas famílias e impõe-se na sociedade inglesa.

 Quantos de nós não perdemos os nossos guarda-chuvas, apanhando grandes molhas.

 Quando era criança recordo de aparecer de vez em quando, na minha aldeia, Bismula (Sabugal), um senhor já de idade, que chamávamos um amolador de tesouras e facas, mas também arranja guarda-da-chuvas estragados pelo vento e chuva, que desaviava todas as intempéries, mas também vacilavam. Também há tempos um destes artesões que num instrumento musical, muito invulgar para despertar e chamar a tenção da vizinhança, pela sua presença na Rua Rodrigo da Fonseca. Bem olhava para as janelas mas infelizmente não aparecia ninguém com facas, tesouras ou guarda-chuvas para concertar.

 Dizia-me que a sua profissão está em vias de extinção, e ainda havia uma alma ou outra que lhe davam uma refeição e uma pequena verba para sobreviver.

 Disse-me que em Portugal, principalmente no Norte existiam muitas fábricas a fazer guarda-chuvas, muitos bons, fortes e feios, mas não deixavam passar as águas da chuva, ou neve que caísse.

 Informado destes utensílios, afirma que os piores são made China e os melhores são da Alemanha. Falei-lhe nos ingleses e torceu o nariz a tudo o se exporta do Reino Unido. Ele lá saberá as suas razões. Diz-se que há razões, que a própria razão desconhece. Ainda lhe recordei que Portugal tem a mais antiga aliança com os ingleses, em relação aos outros Países, mas nem esse facto o convenceu.

 

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Fevereiro/2018

 

 

 

 

Género: