Os pássaros de outono

Estéril foi o travesseiro à cabeça decidida a não morrer nunca,
Mesmo assim houve o pássaro em fios tecidos na época sã.
Seria vil e vulnerável amar o pouco,
O escasso.

A guerra acontece na pintura que pari e soma
Para que no fim, seja óbvio o caminho desconhecido
Do abrevio som do tormento terçã.
Augusto veio como agosto
Tão sério como desgosto de choro,
Como um jeito suave ao mamilo,
Certo da pergunta sem solução,
Inocente maculado aos tímidos terços das missas
Pensando serem elas a dose de acalento.
O sepulcro vestiu-se de medo,
A mortalha um som abraçado ao pranto dum feriado santificado.

Não digas-me que suicidou-se quando teu fim foi um livro não lido,
Desesperada em toques quentes de almas cutucando corações,
Na queima sóbria duma simples paz de alcatrão.

Naquela aurora de novembro viu-se no espaço
Todos os carinhos engolidos de algodão,
Pararam os ruídos dos insetos,
Zombaram da pureza
E de todos dedos tentando vencer a memória.

Os quadros das paredes fazem de cárceres os corpos intactos
Sem movimento fala pensamento.

Ao oásis vieram quando jovem,
Resta-nos agora um coração que bate sem ritmo,
Forçado ferido de anos de horas.

Quando de pé havia um rosto triste caído no pico da serra morta,
Não era dor
Não era falta de ar
Não era solidão.
Faltou uma vírgula lúcida no oceano preocupado em dividir uma estrela cadente,
Bem longe estavam as sobrinhas dos sítios ocultos,
Mais próximos estavam os batidos dos ecos.

A febre era o sol parido da mácula sangrenta
No berço sóbrio do delinqüente frio de mês com raiva.
Suor não é lágrima a dar por gentil
Assim tal tom se explica inocente
Com joelho doloroso em madrugadas infantis.

Abriu-se em olhos lacrados
Porque mente manda a obedecer
E pensamento rouba as escondidas
Entre fritas maneiras sozinhas.

Estar vivo é o mesmo que morrer
Se é que entendam o botão inadequado
Do canto primeiro pássaro de outono,
Abrupto vem o leve em ombros pesados.

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