Outros olhares
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 10 June 2015
Retirei hoje da solidão
pequenos prantos de tristeza
que disseram adeus àquela
saudade
preciosamente arrumada
na prateleira deteriorada
nas ténues horas silenciosas
endereçadas via postal
sem remetente, nem mais inspiração
- Amanhã absorvemos renovados
aqueles teus adornos de beleza
que se perpetuam em cada detalhe
festivo do tempo
em plena deflagração
que flama enlouquecidamente
neste poema que escrevo
sem mais alento
– Foste a maré
que o destino se encarregou
de ondular até mim
navegando-nos imensos onde
pudéssemos matar de sede
nossas existências sequiosas
à mercê de um poema disperso
tantas vezes fascinado
ou infiltrado no ser de mim
recordando-te
oferecendo-te
um inteiro coração incinerado
de alegrias semeadas nas cores
deste tempo que revivo
dia após dia, em ti edificado
– Naquele instante
por instantes tranquilizei
o destino travesso onde
sussurram dois corações
silenciosos
pavimentados entre ruelas
que fluem ao ritmo dos passos
descompassados
porque minhas súplicas
eu sei
tu sacias inteira
valsando a noite de contentamento
enfeitada furtivamente
quando amanhece o dia
à tua janela exposta pela
gentil harmonia do sol
- Como o vento fluindo num repuxo
deliciosamente fecundo de vida
abalroamos todos os limites
onde famintos purificamos
dissimulados
muitos beijos jorrados em sintonia
todos os silêncios enamorados
temporariamente em reclusão
infinitamente acelerando a eternidade
no tempo
assim quando nos entregamos
completos, envolventes
consumindo-nos neste compromisso
onde jamais abdicamos da vida
vivendo em périplos de alegria
rugindo em fusões de abraços
adocicadamente submissos
FC
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