Há uma inocência guardada

no teu respirar

no coração pendurada

marcada com vagar

que se esconde negra e só

e com o passar dos anos vira pó.

 

Há uma crença

Infundada no material

Que nos rouba a presença

Festeja com o banal

E cresce só

Para que um dia vires pó.

 

Há saudade que não fica

De quem nos abandonou

Da raiva que se estica

Pela dor que nos marcou

E caminhas só

E o amor virou pó.

 

Há amor sozinho em ti

Sem que o sintas e te saibas

Há mar e terra onde vivi

Que aumenta a alma para que não te caibas

E um dia o mar está só

E a terra vira pó.

 

Há lágrimas que caem

Em rostos frios e maduros

Frases lentas que não saem

E nos lembram puros

E um dia cantas só

E essa canção torna-se pó.

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Comentários

Parabéns, belíssimo poema, profundo e bem construido. Abraço