póstumo

um repasse escuro e frio na parede caíada
a brisa gelada que foge esguia pela janelas
é a noite mais longa que impede a alvorada
apagando o sol posto pintado em aguarelas

Traços tremulos riscam rugas da mão mais velha
banham-se pincéis gastos em copos de cerveja
e a tela que nasce no corpo amante quase filha
minha e da sorte maldita da pintura a aguarela

é escarnio e maldizer seco esse olhar de pintor
são passos loucos e trocados  perdidos nas ruelas
são restos usados da troca do amar em dor
são riscos vincados dum rosto pintado a aguarelas

São restos de tinta seca embrulhados na mortalha
são gestos de gente fina em outra homenagem
as ultimas punhaladas pintadas da canalha
em aguarelas falsas que adornam a sua imagem

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