Paixão

Estás aqui mais dentro que o sangue,

queimas as artérias,

a saliva,

os lábios,

Onde as línguas bebem o meu nada

que tende para os excessos.

Ferve-me a boca de desejo,

bebe-me as aflições do meu Mar,

tranca-me a onda de espuma

no teu porto,

pronuncia-me o respirar em cada sílaba do meu nome,

Fere-me o olhar de mulher felina em paixão ardente.

Quero-te no húmido centro do meu texto,

caligrafando o intruso momento,

onde abraçamos e culminamos a paixão,

que me desconhece e me sobressalta

suavemente o meu sentir.

Veste-me do avesso,

é urgente inventar outro Sol ardente,

outra lua no mesmo luar,

e outras chuvas lentas do limiar.

Esta é a esperança que a paixão cativa.

Gila Moreira 30/01/2014