Palavras do Poeta
Foi naquela uma hora de dia qualquer
Que a poesia foi incapaz de perdoar tal palavra.
Seus soluços voavam como pluma
Enquanto a pele chorava triste,
Sem coragem
Como mar em ressaca nas areias nubladas...
Deveria ousar o sofrido
Deveria assoprar mais o fino gemido,
Mas poemas assim gritam em fúria tanta,
Com ódio e assassinos...
Ouviu-se o lamento tangível da frase,
Outra prece veio
De nada adiantou.
Lembrava dos pudins delicados no pós almoço,
Não havia vida neste lugar,
Somente voracidades e uma caligrafia escura.
Mensagens de crucificação nas ondas do céu,
Olhos em pubescência tolhiam almas.
Colhemos fartos desejos quando éramos todos nós inocentes,
Só que nos instante de nossa fuga adulta
Uma ferida abriu-se sem perdão.
Perdoai-nos a nós os infelizes da última garoa de verão
Perdoai-nos a todos os que sangram por amor
Por ter tentado o amor,
Perdoai-nos oh sonho bailarino
A vós que nada sois
A nós que não somos
Toquei o rosto dela como se fosse uma face de criança,
A pele feita de anseios
Em tom de relva que cheirava a roseiras de chuva.
Custaram todos os tempos o seu abrir de pálpebras
Que em eclipses vivos
Vi os seus verdes olhos esconderem-se
Por detrás de vossas negras pupilas
De madrugada rápida.
Morreria pra saber
Ah sim! E como morreria
Se seus gestos olhassem mais uma vez para minha imperfeita alma,
Dos seus lábios faria contos da noite,
A lua olharia seu sono.
Tu serias minha mais linda poesia
E esvairia meu cenho em seus angelicais braços.
Não sinta tanta pena de mim por engrandecer-te tanto
No tanto de suas imagens que és,
É que nesta manhã de minhas vistas tão fadigadas
Passou por mim uma poesia,
Uma das mais belas que um dia ousou existir,
Então, dos seios deste tão bem feito verso
Extraí o maior dos fascínios,
Então, em meio ao mais formoso relevo de seu corpo,
Colhi as mais poderosas letras
Que um dia extraordinariamente ousaram fluir.