Palavras no infinito

TSUYOSHI YAMAMOTO - AUTUMN IN SEATTLE

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quaisquer beijos que
 
inflingiste neste ser imperfeito de mim
 
Engalfinhei-me  em ti
 
navegando todo teu quotidiano
 
ao sabor dos ventos
 
saboreando-te meio avessa
 
inteira, toda táctil
 
impossibilitando-me qualquer fuga
 
 
- Urgente era simplesmente
 
gestualizar cada silêncio escondido
 
nas nossas memórias
 
Seria até imparcial rompendo
 
toda a ética descrita na ementa
 
das nossas solidões sem trajectória
 
E por fim
 
chega a noite
 
extinguindo a luz quase irrisória
 
onde nos degustamos esfaimados
 
quase rogatórios aos instintos
 
dizimados neste meu derradeiro ultimato
 
 
- Cuida-te meu anseio
 
reanima meu açaimado cântico
 
silenciado entre os vãos impacientes
 
da minha poesia mercenária
 
e tão breve como a essência perfumada
 
onde te bebo quase imperceptível
 
na histeria do tempo fugitivo
 
inútil e tão vagamente perdulário
 
 
- Bebendo na luz das estrelas
 
seguirei  viagem
 
cruzando tua rota
 
sem mais encruzilhadas
 
circunscritas no véu dos amores
 
Serei o passageiro reanimado
 
orquestrando-te cada som comedido
 
nesta jornada poética
 
rugindo sem mais temores
 
ateando linhas rectas à geometria
 
onde promulgamos a lei da vida
 
em palavras inscritas no infinito
 
refrão desta poesia faminta
 
derradeira
 
 
- O Tempo que resta
 
dissolve-se escorado entre precipícios
 
que investem pelas entranhas
 
da Terra grata
 
exactora, prolífera
 
redesenhada em monumentos
 
de amor e indulgência
 
onde revoguei
 
tua súbtil presença, meu obstinado silêncio
 
a cada teu pranto engolido
 
na fome que me mata a todo o momento
 
comungado...explícito
 
FC
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