Palavras no infinito
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 8 July 2015
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quaisquer beijos que
inflingiste neste ser imperfeito de mim
Engalfinhei-me em ti
navegando todo teu quotidiano
ao sabor dos ventos
saboreando-te meio avessa
inteira, toda táctil
impossibilitando-me qualquer fuga
- Urgente era simplesmente
gestualizar cada silêncio escondido
nas nossas memórias
Seria até imparcial rompendo
toda a ética descrita na ementa
das nossas solidões sem trajectória
E por fim
chega a noite
extinguindo a luz quase irrisória
onde nos degustamos esfaimados
quase rogatórios aos instintos
dizimados neste meu derradeiro ultimato
- Cuida-te meu anseio
reanima meu açaimado cântico
silenciado entre os vãos impacientes
da minha poesia mercenária
e tão breve como a essência perfumada
onde te bebo quase imperceptível
na histeria do tempo fugitivo
inútil e tão vagamente perdulário
- Bebendo na luz das estrelas
seguirei viagem
cruzando tua rota
sem mais encruzilhadas
circunscritas no véu dos amores
Serei o passageiro reanimado
orquestrando-te cada som comedido
nesta jornada poética
rugindo sem mais temores
ateando linhas rectas à geometria
onde promulgamos a lei da vida
em palavras inscritas no infinito
refrão desta poesia faminta
derradeira
- O Tempo que resta
dissolve-se escorado entre precipícios
que investem pelas entranhas
da Terra grata
exactora, prolífera
redesenhada em monumentos
de amor e indulgência
onde revoguei
tua súbtil presença, meu obstinado silêncio
a cada teu pranto engolido
na fome que me mata a todo o momento
comungado...explícito
FC
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