Palavras soltas...

Vou só escrever palavras soltas,

Vou Com elas dar umas voltas,

E Quem sabe por aí possa-me encontrar…

Numa retórica empolgado,

Num romance editado,

Ou numa prece…a rezar!...

Quem sabe não me ache numa esquina,

De um texto sovina,

Sem sentido, sem nexo…

Depois de um traço ou travessão,

Numa carta escrita à mão,

Ou sob um acento circunflexo!…

Talvez sentado no acento de uma rima rica,

Isolado que entre aspas fica,

Ou entre parêntesis numa explicação…

No que há-de vir das reticências,

Que sugerem indecências,

Enrolado num ponto de interrogação!...

Quiçá no redondo da vírgula,

Aquela pequena partícula,

Do texto formatação…

Ou escondido num apóstrofo,

D’um argumento de Filósofo,

Firmado num ponto de exclamação!...

Numa letra floreada

Por um monge desenhada

Num velho pergaminho

Ou debaixo do Til do coração

De mãos postas em oração

Por uma luz no meu caminho…

Quem sabe na volta das letras,

Em diálogos, em Palestras,

Por metáforas, anáforas e ironias…

Me ache num poema qualquer,

Numa cantiga de maldizer,

Rogando por melhores dias. 

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