PARA ALÉM DO ALEM TEJO

PARA ALÉM DO ALEM TEJO
 
Nesta terra que piso 
Onde o Sol me sufoca e abrasa
Vejo o calor em borbulhões a brotar da Terra
No meio das cearas. 
Terra morena deitada 
Em cama de feno amado. 
Onde sujas gentes 
De pele tisnada
Vencem a força abrupta do Sol 
Debaixo de chapéus de palha.
E ao longe nesta vastidão 
Onde os olhos se cansão
De tanta imensidão 
Onde deus deixou a sua grandeza.
E no cimo das suas casas caiadas
Põem as cegonhas os ninhos de amores
Ao longo desta terra morena amada.
E no fim do dia 
Quando o Sol se acalma
Debaixo de chaparros 
Há gente descansando
De tanto calor brotado 
E os pássaros veem em bandos chilreando
A retirar o seu sustento
Do restolho das suas cearas.
 
(Carlos Fernandes) 
 
   
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