Passagem

 

O que trago da vida até aqui

É um carro desgovernado numa autoestrada:

Não preciso de freio,

Não preciso de cinto de segurança,

Quero apenas me arriscar um pouco mais a cada dia.

 

Não tenho mais medo de errar

-Acertar não é mais fácil que isso!

Só peço que me perdoem, não que me entendam

Nem eu mesmo tento fazer isso

-É muito tempo para perder à toa.

 

Tanto faz se prestam atenção em mim,

Eu não sou um quadro, um filme talvez,

Não me pretendo inesquecível,

Estou aqui só de passagem...

Qualquer hora dessas caio num precipício,

Salto e viro vento,

Sem direção.

 

O que levo da vida daqui?

 

Quem me leva é a vida!

Que não erra nem acerta,

Não perdoa e não entende;

Não atenta. Apenas passa!

Rodrigo Dias

(in: “Expressões Impressas & Impressões Expressas”; Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2009)

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