Paz!
                          
              
        Autor:  António Nobre on Monday, 3 December 2012        
      
    
  
    
  
 
  
      
  
    
  
E a Vida foi, e é assim, e não melhora.
	Esforço inutil, crê! Tudo é illuzão...
	Quantos não scismam n'isso mesmo a esta hora
	Com uma taça, ou um punhal na mão!
	Mas a Arte, o Lar, um filho, Antonio? Embora!
	Chymeras, sonhos, bolas de sabão.
	E a tortura do _além_ e quem lá mora!
	Isso é, talvez, minha unica afflicção...
	Toda a dor pode suspportar-se, toda!
	Mesmo a da noiva morta em plena boda,
	Que por mortalha leva... essa que traz...
	Mas uma não: é a dor do pensamento!
	Ai quem me dera entrar n'esse convento
	Que ha além da Morte e que se chama _A Paz_!
Pariz, 1891.
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