Pedi-te a fé, Senhor! pedi-te a graça
Autor: António Nobre on Saturday, 5 January 2013
Pedi-te a fé, Senhor! pedi-te a graça,
Mas não te curvas nunca, p'ra me ouvir.
Tudo acaba no mundo... tudo passa,
Mas só meu mal se foi e torna a vir.
Não busco a morte com arma ou veneno,
Mas emfim póde vir quando quizer.
Eu estarei de pé, firme e sereno,
Sorrir-lhe-hei até, quando vier.
Tristes vaidades d'este pobre mundo!
Já me parecem taes como ellas são:
Tristes mizerias deste mar sem fundo.
Se tive algumas eu, na mocidade,
Não foram ellas mais que uma illuzão.
E um dia eu ri da minha ingenuidade!
Lisboa, janeiro, 1898.
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