Pedra

Um menino lança a pedra n’água,
donde quica mil vezes no rio,
cada batida rasga com o vento
a vida da pedra e su’alma.

O quique é um passar de hora,
longínqua hora e minutos,
tempo entendiando o menino,
mas que afunda a pedra agora.

A noite fria se aproxima,
e o rio escuro reflete a lua,
o garoto deixa a cena
e a pedra, não mais se via.

Já em casa anda descalço,
come quente uma sopa,
e saboreia o menino inocente
sem conhecer o cadafalso.

A pedra conhece a palma,
conhece doravante a morte,
afoga-se no lançar das mãos
um trajeto que a desalma.

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