PEIXE

Eu conheço a amargura dos mares
E o sal da vida
Minha asa quebrada
Obrigou-me a naufragar
Meu rio sem fim ensinou-me
Os caminhos do abismo e da luz.
Eu conheço a dor dentro e fora
Deste casulo
Um pingo de bem
Na amargura dos mares.
Conheço o sal destes dias
Recordo-me do meu despreparo
E do meu mundo sem abalos.
Era assim antes da asa quebrada
Era imune a adversidade
Havia um tom feliz.
Não posso exagerar no inexistente
Na escassez de luz destes dias
Vou navegando até encontrar meu porto.
Não grito só por mim
Neste tédio germinado.
A uma desconcentração de consciência
Uma fome de conhecimento
Uma dor presente
Uma arma presente.
Quero ser como meu signo
Voltar ao mar
Morrer feliz sabendo que matarei
A fome de um século.

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