PELOS TEUS MISTÉRIOS CRUS, TEU SAL E TEU CÉU

Da autoridade de quem prova do teu sal e do teu céu
E de quem se banha na tua transpiração;
De quem numa hora está à deriva entre teus seios
Por outra degustando teus divinos e torneados dedos;
Tenho-te como a mais inclemente dama do meu cabaré 
A senhora da minha mesa
A cessionária dos meus pecados
A feiticeira que impõem seus preciosos e provocantes vícios
Ao seu despido e sequioso aprendiz.
 
Das pétalas que exaurem lábios superlativamente hipnotizados
Ao estupor de um prazer jamais sentido pregressamente,
Privilegiado pelos teus mistérios crus 
Liberto os aromas recém-paridos pela tua aflorada libido
Através da mais franca vetorização do meu corpo;
Espalho as minhas secretas confissões
Por toda a tua refinada pauta
Reinventando novos e ecléticos arranjos
Para uma música reiteradamente executada.
 
Se o teu caribenho calor me sob às coxas
Instintivamente respondo verticalizando toda a nossa sintonia;
Como numa batalha de braços, línguas e pernas
Que reinaugura, a cada embate, uma nova arena
Constrói cirurgicamente as nossas mais variadas cenas 
Com rito, terminologia e tempo próprios
Longe de uma queda de braços, perto de uma queda de corpos
Traduzindo na desarmonia frenética das nossas ações
A harmonia cabal das nossas sensações.
 
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