AS PENAS DO PAVÃO E O PENAR DO POVÃO
AS PENAS DO PAVÃO E O PENAR DO POVÃO
Como são bonitas as penas do pavão,
São de cores brilhantes e de uma tal beleza,
Que o próprio pavão, se sente Realeza.
E para que as outras aves
O tenham em consideração,
Canta projetando a sua voz
Para uma toda Nação.
Corro alegremente,
E tiro uma pena ao pavão,
E com uma simples pena,
Pondo-a na ponta no meu chapéu,
Tento alegremente chamar à atenção.
Mas por pouco tempo,
Pois fui logo chamado há razão,
Porque as penas de um povo,
Não são bonitas não!..
Por vezes são tão pesadas,
Que ao caminhar com elas,
E sem que dei-a por isso,
Lhe caiem no chão.
Vou numa rua rica,
Numa cidade bonita,
Mas as minhas penas não,
Olho para uma montra rica,
Numa rica rua,
E lá está, o pavonear do pavão,
Mas este não é pobre não.
Trama um povo, e faz dobra-lo,
Para que coma na sua mão,
Come e bebe, quando quer,
Sem olhar no seu passar,
Mesmo estando escuro,
E que o lampião maduro,
Reflita a luz da razão.
Ele não olha, não,
Para as muitas penas,
Que estão caídas no chão,
Mas estas não são do pavão,
Mas de um pobre povo, o são.
Que já não tem penas,
Para poder penar na sua razão,
E no seu caminhar possa dar luz,
Ao seu pobre coração.
(Carlos Fernandes)