PEREGRINO

Sou um transeunte da vida,

Pululo por estradas de fantasia,

Seduzem-me os adornos das vias

Que me engajam nas áureas lidas,

Pois cada passo é meteoro de ouro.

 

O compasso da existência é breve,

No espaço da sobrevivência o tempo

Constrói ilusões e soterra vaidades

Mostrando que no cérebro humano

A terra seca sepulta anseios e vontades.

 

Há um istmo que me liga ao metafísico,

É uma frincha onde o pensar dormita,

Muitas vezes faminto, preso numa cripta

Donde a melancolia domina o mundo

Que vive sedento sem provar seus lírios.

 

Navego num deserto onde areia é chama...

Intenso clamor assedia-me os sonhos

Que desenham fulgores que me enganam

Por serem trovoadas de teor medonho

Mescladas ao cinismo de hediondas tramas.

 

Sentir e esquecer... Planejar é devaneio

Que singra sobre as horas pesado fardo...

O relógio que é adúltero segue seu embalo

Confiscando do mar a vaga secreta que veio

Remir das consciências ideais que a brisa ufana!

 

Género: