Perfil casual

– Meto a foice aos ventos
 
corto o tempo assobiando
 
palavras em contos sentimentais
 
porque em mim se afogam
 
emoções vislumbradas em
 
proverbiais pensamentos
 
que escrevo ao cair
 
a tarde
 
onde mora minha ansiedade
 
esfarrapada,escorregadia
 
sem mais eminentes lamentos
 
para a posteridade
 
 
– Regresso
 
relendo o perfil casual
 
do teu terno reflexo
 
afundo o mar de ilusões
 
em ti
 
num casto e exonerado
 
depoimento
 
indiferente ao argumento final
 
nesta poesia
 
que se faz tarde em cortesia
 
e nem sei o que mais invento
 
só pra te contentar de
 
olhares suculentos em euforia
 
 
– Por isso
 
assim somos feitos
 
íntegros
 
envolvidos em utopias
 
insuperáveis
 
na identificação do nosso saber
 
emocionados pela overdose
 
incutida na veias do amor
 
pela veemência  onde
 
transcrevemos sem mais
 
reticências
 
os teoremas apaixonados
 
na matemática das rimas
 
do qual sou poeta
 
ou simples e deslumbrado progenitor
 
 
– Vou caminhar
 
na paisagem retratada
 
no tempo
 
e rasgar as nuvens do céu
 
palminhar teus périplos majestosos
 
em roteiros de alegria
 
consultar as mesmas verdades convenientes
 
escolhidas a dedo
 
encorajadas pelo beijo
 
roubado na impetuosidade
 
onde manifesto minha existência
 
rebatida em qualquer doutrina
 
legislada nesta sedutora
 
e implacável convergência
 
FC
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