poema que desunho

Poema que desunho

…soltam-se palavras…poema
Não as quero prisioneiras,
Não as quero dentro de mim
Rasgo agora o rascunho
Desunho
Para que se soltem na tua tez branca
Não quero palavras na prisão
Não quero palavras amorfas, e moribundas
Quero que leias o poema
Das palavras livres e dos sentidos arrepiados
Quero que leias o poema
Dos sentidos descalcificados
Escrevo mais uma linha inacabada
Por enquanto
Risco o rascunho
E desfloro a metáfora
Que sinto no paladar
Arrisco tudo sem nada arriscar
Poema de sentidos
Rascunho que me desunho
E no meio de uma metáfora
Solto as palavras
Prisioneiras palavras, linha inacabada
Mente atormentada
Escrevo, por escrever
Poema que diz tudo e não diz nada
Jamais entrarás dentro de mim
E visitarás as palavras de contentamento
Que plantei no meu jardim

Jamais sentirás o aroma das palavras
Que libertei, que já não são prisioneiras
Desfloro metáforas
Que sinto no paladar.

Carlos Gaspar 2016

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