Poesia Silenciosa

Silenciosamente, chamo por alguém.

Imploro ao mundo que seja melhor,

Um sítio bom, que fique muito aquém

De qualquer sonho de dissabor.

Escrevo cada palavra no papel,

Delicadamente leio o que escrevi,

E percebo que cada letra é infiel,

Tudo aquilo em que acreditei, desmenti.

Não há ninguém que me dê garantias

De que estou certa ou de que estou errada,

Talvez quando chegar ao fim dos meus dias

Veja toda a minha poesia ser quebrada.

Questiono-me sobre a vida, sobre o mundo…

Por mais anos que viva nunca hei-de entender.

Procuro esmiuçar todas as questões até ao fundo,

Porém, nada mais me resta se não escrever.

Escrevo verso após verso, tento ser poética,

Mas silenciosamente, apenas silenciosamente,

Se gritasse, gritava silenciosamente frenética,

O som seria sempre diminuído gradualmente.

A poesia supostamente deve ser sentida,

Muito mais do que tudo o resto,

E também muito mais do que ser ouvida,

Por mais que o poema seja modesto.

Sejamos todos poetas que expressam sentimentos,

Se não quisermos ser ouvidos, sejamos sentidos,

Sejamos lidos em simples documentos

Mas não nos calemos, oprimidos!

E que a nossa poesia seja silenciosa,

Pois que essa não é menos poderosa!

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Comentários

É incompreensível como um testemunho pessoal, tão honesto e sincero, tem uma apreciação maioritariamente negativa!

«Só com paz e silêncio no coração, podes cantar ao mundo a tua canção.»