Poetisa dos ses....

POETISA DOS SES…….

Conforme prometido aqui te escrevo de uma forma espontânea, passando para o papel alguns dos pensamentos com muitos ses… que traça na sua gene as angústias e vicissitudes da vida e um poema de saudade.

Minha boa amiga, nos ses… do pensamento dançam sentimentos numa espiral de levitação, ses… de interrogação vagueiam selados em fel perjuro trajados no negro da incerteza. Tontos e obscuros não conseguem ver, tapam e escondem o pavio dessa luz clara que mergulha na curiosidade e ilumina a razão que perpetua a interrogação e segue na leveza de cada ser.

Ses… geminados no ciúme cuja sombra cai sobre a tua existência, há-te ceder à luz. Os ses… nascentes de tanta lágrima, chegarão a abrir o abismo de um pecado mortal, que nenhuma ponte do arrependimento, nenhuma mortificação pode eliminar. Renascem e apagam-se até que um dia cessarão de oprimir esse coração frágil.

Ses… que dão sal ao teu mar de lágrimas, quando a morte e o destino privaram-te ainda de alguma juventude e dita será nos braços da beleza bafejada pelas musas, que o teu coração reencontrará então uma nova vida, sarado nas lágrimas do velho poema de rua, cheio de eloquência e eruditismo fazendo jus à harmonia popular levita no seu percurso a equanimidade de uma sinfonia de sons crescentes cavos e profundos, de um trecho jucundo, que a sós me faz sonhar.

Poema que sinto nascer como uma falácia gerada pela minha falta de atenção, por julgar que os teus ses… frágeis e banais, por não conseguir ver para além da minha parca existência. Por tudo o que não vi, ou simplesmente me alheei e não quis ver, entoa no meu peito o sentimento da falta, como o poema de remorso que expressa esse estado de alma, lido e relido de uma forma límpida por entre os sons daquela velha música de Ravel, que tanto gostavas.

Falo comigo mesmo e cumulativamente contigo velha amiga, companheira de tertúlias. Conforme prometi, hoje nesta data escrevo, simplesmente escrevo. Nasci profano e profano irei morrer, não tenho sagas para cumprir nem demandas impostas por qualquer ordem. O tempo é meu e o caminho da minha alma no teu conceito será puro ou impuro conforme os meus desejos e pensamentos cuja alternativa da escolha da vontade, marca com um sinete, um cunho, uma luta sem trégua no aperfeiçoamento do meu carácter. Mas sou profano e apenas um homem. Um homem grato que diz, obrigado amiga por teres compartilhado bons momentos da tua vida. Obrigado, por me despertares para outros ensinamentos e outra visão do mundo. Obrigado, simplesmente obrigado, por teres sido uma boa amiga.

Como uma fénix renascida das cinzas solto o pensamento, despertando a razão do sentido exorcizado na força do poema que te escrevo, como se fosse tu que escreverias e declamo esses versos numa voz de ênfase, desejo e ensejo por romper a monotonia latente que vive em cada um de nós, por escorar sem austerismo declinando o turvejar do erro torpe de felonia! Evoluído no saber, no compreender e na tua intrínseca capacidade de perdoar, onde o esquecer é mais versátil e dá corpo a uma causa justa, encontrando no querer, o caminho sem pausa e a arte de percorrer lançando ao vento a força do pensamento e o saber dos poetas mortos.

Sim, o saber desses poetas que vaguearam pelas ruas, pelas vielas sem nome, esses filhos de mil portos e de caravelas sem asa que vogaram por mares sem estrelas, que calaram a fome no engenho e a arte na criatividade, sugando do corpo a saliva rasa em penas de tinta que escreveram palavras cruas, apenas palavras comprometidas, verdades nuas, palavras sem revolta nem dó, sem mágoas, sem ida nem volta, apenas e só, palavras.

Estejas onde estiveres e mesmo que o teu tempo não tenha horas, segue o teu processo de alma em evolução, procura a simplicidade dos temas em vida dos pensadores e a sensibilidade daqueles que mesmo solitários foram diferentes! Camões, Cervantes, Florbela, Pessoa, maiores que os demais! Tiveram sede de infinito e suas almas num só grito, livres sem prisão, foram mais alto, mais alto, tendo por companheira a fiel solidão, em doces vagas de experiência de reflexões e sapiência, voaram mais alto!

Por entre códigos doutrinais e mitos ancestrais, também os seus ses… colocados foram chorados, desnudados do seu arcano impérvio e decantados na herança de um pensamento de mudança, gerando estas frases legado de um coração de amizade que sente a tua falta e partilha de forma escrita estas linhas num manifesto de saudade de alguém ausente, mas eternamente presente.

Paz à tua alma.

POEMA SES……..

Poetisa que colocas ses… No teu poema

Outro amor deu alento á minha vida

Outro sonho me encheu o coração

Retalhas a dor com a tinta da tua pena

Por parcas palavras em promessa diluída

Por ses.. Semânticos forjados na negação.

 

Poetisa da tristeza da angústia da incerteza da dor e do lamento

Rasuras e amachucas o que escreves porque te rói o sentimento

Poetisa da contradição da meia mentira e da falsa verdade

Dizes um não masoquista querendo o sim da liberdade

Poetisa dos ses.. da ilusão, da ansiedade profunda sólida e permanente

Moras em mim no escuro beco da saudade, ao lado desse amor que só foi presente

Em sonetos que me escreves e telas pintadas de malmequeres

Desfolhando pétalas de amores no prenúncio da interrogação, bem-me-queres

Nem consigo ver nem saber o que te digo, se esse amor existe ou está ausente

Se sou apenas dilema que esvoaça nas frases do poema num ósculo esbatido da tua mente.

 

Poetisa, escritora, artista, contrabandista. De mágicos momentos com ses.. de ilusionista.

Poetisa sedutora, pintora, amante fiel dos ses.. irreais. Perdida, vencida, ultrajada, sucumbida por ses.. fatais.

 
 
 
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Comentários

Lindo o poema! Mas sou muito curiosa... O que significa SES... Mas só responde-me se for possível! Coisas de poetas não é?

Beijosss!

Ses….
São suposições que constantemente assaltam o pensamento (se isto fosse assim. …se isto fosse desta forma….etc), criando cenários que geralmente vão obstruir a análise normal da realidade dos factos, arrastando a indecisão e muitas vezes levam a decisões erronias.

Um beijo