AS PONTES
Autor: Rimbaud on Friday, 11 January 2013
Céus de cristal gris. Bizarro desenho de pontes, estas retas, aquelas em arco,
outras descendo em ângulos oblíquos sobre as primeiras, e essas figuras se
renovam nos outros circuitos iluminados do canal, mas todas tão longas e
leves que as margens, cheias de cúpulas, afundam e encolhem. Algumas
dessas pontes ainda estão cheias de barracas, outras sustentam mastros, sinais,
frágeis parapeitos. Acordes menores se cruzam, e somem, as cordas escalam
os barrancos. Distingue-se uma roupa vermelha, talvez outros trajes e
instrumentos musicais. São árias populares, trechos de concertos senhoriais,
restos de hinos públicos? A água é gris e azul, larga como um braço de mar.
— E um raio branco, desabando do alto do céu, aniquila esta comédia.
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