Porteiro da noite

O porteiro da noite escancarou
 
o silêncio nascido na vagem
 
desta poesia
 
procurando um colo onde
 
pernoitar no semblante
 
predador de um beijo
 
que desperta alucinante
 
 
Foi benigna tão
 
farta excitação
 
quando destranquei a loucura
 
onde me embebedei de paixão
 
Converti mílimetricamente
 
este momento numa pílula
 
de felicidade colorindo a dor
 
que descalço momentaneamente
 
assim
 
tu envergues minha solidão
 
conversando tranquila
 
entre dois gomos de poesia
 
desordenada em verberação
 
 
Viver com a meta
 
já ali neste destino equivocado
 
é aclamar à marcha do tempo
 
onde filtramos palavras
 
movediças
 
carregando no ventre o
 
infinito poema transitando
 
nas avenidas do tempo
 
tão esquecediças
 
 
Andarei bramindo toda
 
a existência latindo em nós
 
descontente
 
aconchegando-me ao espiral
 
de silêncios onde premedito
 
a vida batendo em sístoles
 
tão lactentes
 
esvaziando o átrio deste coração
 
onde me enfarto com diástoles
 
tão persistentes
 
 
Vivo desta contemplação
 
quase eterna
 
deixando fibrilhar todo
 
este agitado poema em constante
 
arritmia e apelação
 
alimentando o habitat da razão
 
onde nossas gargalhadas celebram
 
o  milagre que acontece
 
num desejo em constante desfibrilação
 
FC
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