Poveiro
Autor: António Nobre on Friday, 23 November 2012
Poveirinhos! meus velhos pescadores!
Na Agoa quizera com vocês morar:
Trazer o lindo gorro de trez cores,
Mestre da lancha _Deixem-nos passar_!
Far-me-ia outro, que os vossos interiores
De ha tantos tempos, devem já estar
Calafetados pelo breu das dores,
Como esses pongos em que andaes no mar!
Ó meu Pae, não ser eu dos poveirinhos!
Não seres tu, para eu o ser, poveiro,
Mail-Irmão do «Senhor de Mattozinhos»!
No alto mar, ás trovoadas, entre gritos,
Promettermos, _si o barco fôri intieiro_,
_Nossa bela á Sinhora dos Afflictos_!
Leça, 1889.
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