Prelúdio em ti
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 29 July 2015
Ando só pelas tuas ruas desertas
sustendo-me frágil
na mesma voz que me acalenta
de iguarias adocicadas de amor
quando
pernoitas lúcida encastrada
entre meus sonhos vagos
despindo o corpo ao luar pranteando
porque me deixas atordoado
pelo súbito devaneio
em correrias e desejos
todo eu me atropelo desconcertado
ao tom breve de um sorriso
que de ti até ao fim dos dias
ainda sei
quero e pelejo
– Recai pela tarde fora teu ar fresco
envergonhando tudo ao redor
até mesmo aquele sol escaldante
que amadurece o dorso de cada
raio belo pendendo do teu corpo
onde mergulho
a luz misericordiosa,
atónita, imprudentemente louca
inebriadamente apocalíptica
– Somente sinto aquela mesma força
que me sustém e eleva
em teus prelúdios
até aos etéreos céus
onde por fim descanso
farto
impregnado de sonhos circunstanciais
o mesmo chão onde atapetamos
o ululante canto de amor
transbordando em madeixas pelo suave
toque do teu sincopado coração
– Amanhã sairei pelo mundo
semeando tantos apelos
à razão
Viverei em cada resquício de tempo
todo o tempo do mundo
preparando-te Setembro
agasalhando a vida que sobra
em vestígios sortidos de alegria
dissimulada em cada silêncio
que chora jubilante num pandemónio
onde recrio
toda a sublimação da vida que renasce
na cumplicidade assídua
tão cordial
– A nossa felicidade
será saboreada por fim…até à euforia
quando coexistirmos mais essenciais
numa dialética embriagante
tão crucial
desparafusando de vez esta poesia
festiva engalanada de amor
dia-adia, em serenatas de afetos
deglutidos num trago de vida
quase celestial
FC
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