Prelúdio em ti

Prelude . . . Vangelis (HD)

Ando só pelas tuas ruas desertas
 
sustendo-me frágil
 
na mesma voz que me acalenta
 
de iguarias adocicadas de amor
 
quando
 
pernoitas lúcida encastrada
 
entre meus sonhos vagos
 
despindo o corpo ao luar pranteando
 
porque me deixas atordoado
 
pelo súbito devaneio
 
em correrias e desejos 
 
todo eu me atropelo desconcertado
 
ao tom breve de um sorriso
 
que de ti até ao fim dos dias
 
ainda sei
 
quero e pelejo
 
 
– Recai pela tarde fora teu ar fresco
 
envergonhando tudo ao redor
 
até mesmo aquele sol escaldante
 
que amadurece o dorso de cada
 
raio belo pendendo do teu corpo
 
onde mergulho
 
a luz misericordiosa,
 
atónita, imprudentemente louca
 
inebriadamente apocalíptica
 
 
– Somente sinto aquela mesma força
 
que me sustém e eleva
 
em teus prelúdios
 
até aos etéreos céus
 
onde por fim descanso
 
farto
 
impregnado de sonhos circunstanciais
 
o mesmo chão onde atapetamos
 
o ululante canto de amor
 
transbordando em madeixas pelo suave
 
toque do teu sincopado coração
 
 
– Amanhã sairei pelo mundo
 
semeando tantos apelos
 
à razão
 
Viverei em cada resquício de tempo
 
todo o tempo do mundo
 
preparando-te Setembro
 
agasalhando a vida que sobra
 
em vestígios sortidos de alegria
 
dissimulada em cada silêncio
 
que chora jubilante num pandemónio
 
onde recrio
 
toda a sublimação da vida que renasce
 
na cumplicidade assídua
 
tão cordial
 
 
– A nossa felicidade
 
será saboreada por fim…até à euforia
 
quando coexistirmos mais essenciais
 
numa dialética embriagante
 
tão crucial
 
desparafusando de vez esta poesia
 
festiva engalanada de amor
 
dia-adia, em serenatas de afetos
 
deglutidos num trago de vida
 
quase celestial
 
FC
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