Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã

 

Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã.

As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço,

Da trovoada de depois de amanhã?

Tenho a certeza, mas a certeza é mentira.

Ter certeza é não estar vendo.

Depois de amanhã não há.

O que há é isto:

Um céu de azul, um pouco baço, umas nuvens brancas no horizonte,

Com um retoque de sujo embaixo como se viesse negro depois.

Isto é o que hoje é,

E, como hoje por enquanto é tudo, isto é tudo.

Quem sabe se eu estarei morto depois de amanhã?

Se eu estiver morto depois de amanhã, a trovoada de depois de amanhã

Será outra trovoada do que seria se eu não tivesse morrido.

Bem sei que a trovoada não cai da minha vista,

Mas se eu não estiver no mundo.

O mundo será diferente —

Haverá eu a menos —

E a trovoada cairá num mundo diferente e não será a mesma trovoada.

 

 

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E, tendo visto os sinais, aprecie-os como apenas sinais que são.