QUANDO A AUDÁCIA SOBREPÕE-SE AO RECATO

Ao som do terceiro toque
A tua audácia até então recolhida 
Rasga o ventre do recato,
Grita em ode o mantra nobre dos amantes
Precipita sobre mim uma fúria há muito contida
E, sem hesitação ou regras,
Capitula a declaração mais verdadeira da tua irresignação carnal.
 
Nos preliminares atos de incandescência
A liberdade insana dos teus dotes incomuns;
A volúpia insubmissa e quase despótica
Que nomina a abrangência da tua exploração;
Qual manifesto libertário de uma alma outrora represada
Qual felina inclemente à caça da presa palpitante.
 
O privilégio do teu toque
E o odor da tua insuspeita natureza 
Exorbitam todas as minhas feras;
Resultam na meticulosidade do nosso enredo 
E criam a interseção onde o nosso imensurável desejo se comunica;
Único reduto onde o profano e o divino se fundem
Preciosa contemplação travestida de pictórica arte.
 
Conquanto inteiramente liberta 
A tua abrasada lascívia, de forma contínua, me cobra
Porquanto minha geografia está gravada na memória do teu burilado relevo
Entrelaçada à tua excitada teia
Transformando o meu outrora arbítrio
No teu franco e passional deleite.
 
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