Quando chover em mim
Autor: Frederico De Castro on Thursday, 7 May 2015
Deixei de ter alguma
coisa pra dizer
absolutamente nada
a não ser
deixar espalmado
nossos destinos estrategicamente
enamorados pela arte
empolgante do amor
num vasto encontro derradeiro
onde nos disfarçámos
tácitos
sorrateiros na formosa luz
onde esquadrinhamos fiéis
nossos vícios gerados em cativeiro
A não ser
que me procures
revelando-te
não mais inquietarei
minhas imaginações
até que chova em mim
tuas insaciáveis palavras
exiladas no quotidiano
onde não mais traduzirei em versos
tanto amor
engolido na voracidade
desordeira, aborrecida
quando rastejamos atrás do rastilho
do tempo
procurando embriagados
a piedosa e afortunada
carícia
numa fuga assim quase homicida
em prantos e plágios folclóricos
de um sonho tão devastador
onde por fim nos filiamos
eternos,rendidos
conspiradores
A não ser
que hoje me revejas
tão comprometida
não hesitarei um minuto
roubando teus fiéis requintes
naquelas fantasias
tão curativas
onde incutida por palavras
confidentes
te entregas irresistível,ardente
expondo toda a anatomia
alucinada na espera conciliadora
e tão contundente
Ali depois ficarei quedo
jazendo
à luz da luz submersa
anelando príncipescamente
teus dotes desgarrados
perversos
onde sorvo sem remorsos
o súbito acesso aos teus beijos
assim dispersos no quotidiano
febril
onde tantas vezes nos barricamos
prostrados,vorazes
e depois…devagarinho, anoitecemos
serenamente audazes
FC
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