Quando eu disser adeus...

Quando disser adeus
Esvazio pra sempre todos os paladares fluindo e
Palpitando em cada beijo que deixámos coexistindo
Colhendo as essências de um vinculado adeus
Incompreendido, submisso…preterido
 
Quando disser adeus
Pode até o tempo parasitar nos meus silêncios
Que eu descobrirei como embelezar as falésias
De cada desejo latindo pernicioso
Infringindo todas as leis de amor moldadas
num beijo bruxuleando vertiginoso
 
Quando disser adeus
Refresco teus aromas intensos reflectidos
No calendário dos tempos
Primavera que chegará caudalosa
Verão aplaudindo a vida numa homenagem escandalosa
Outono depois sei que virá repercutindo o amor
De forma escrúpulosa
E depois de todos…o nosso Inverno escrutinando
O adeus frio, marginal alimentando o carrilhão
Das horas fugindo lentamente graciosas
 
Quando disser adeus
Relembro-te se puder aquele exaurido momento
Transladado no tempo
Embalo-te todas aquelas ilusões sapateando no
Palco de muitas insurreições
 
Quando disser adeus
Será definitivo…sem prazo de validade
Instante suspenso no tempo…intuitivo
Tácito lamento penitente e homogéneo
Paciente lágrima rolando no timbre de um eco conivente
 
Quando disser adeus
Nem o silêncio será fugaz nem a morte audaz
Pois ficaram por galardoar cada dia de vida
Aplacada felicitando e fitando a sintaxe das minhas
Preces estocadas com esmero ante um Amén
Exilado na arquitectura de tantas orações delicadas
 
Quando disser adeus
Tudo ficará igual, hoje, amanhã e depois
Na elasticidade dos tempos que se iluminem
As roupagens das nossas crenças e ilusões
Que se registem as dores renitentes…fardo
Da alma edificada num sonho assim penitente
 
Quando eu disser adeus…e tenho que dizer adeus,
Tombo até sobre a tumba dos silêncios ateus
Evoco a preceito o sentido deste verso
Expelido, converso…iminente descalço e plebeu
Suprema vénia esculpida na sintonia onisciente nos
Beijos que se apressam…antes do adeus…oh, meu Deus
Agora sei…tão impotente
 
FC
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