Quase que

 

 
O tempo faz milagres.
 
Faz-me ver-te mais longe no caminho,
quase que nem existimos.
 
Devo sofrer do sentimento chamado sentir,
devo ser escrava dele
quando folheio o passado
e me arrepio.
 
Devo estar errada quando dou nomes às coisas
que não têm nome.
 
Sinto aquela doce apatia que todos gostam,
mas sacudo-a com a força atroz de quem despreza.
 
Devo estar errada quando acredito,
devia fingir.
 
Devia aceitar que uns dias sou ela, outros sou outra,
que a minha existência só é acessível a mim,
que a partilha só existe na vontade e na verdade.
 
Devia-me embriagar nessas mentiras que transbordam dos 
vossos copos
mas eu hoje sou outra,
 
eu hoje sou... eu...
 
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