Reflexões II

Na hora mais profunda e fria da madrugada, volto a sentar-me e a escrever.

Ritualmente, acendo um cigarro e nesta penumbra monocromática

vejo desprender-se o fumo dos meus lábios húmidos com as coisas que nunca disse.

E aqui estás tu de novo, flutuando na minha mente... embora à minha frente, tenha apenas imagens.

Imagens que me atraem para ti, mas que pouco são mais que um vislumbre do que tu realmente és.

Com um suspiro profundo, sopro pétalas nos teus olhos cansados, e desprendem-se fragmentos de aromas esquecidos que te envolvem... que eu conheço.

E fecho os olhos, invoco-te e afogo-te em mim,

anseio-te face a face, aprofundando o nosso olhar, faísca calma que fica depois do amor e antes do sorriso...

Como explicar as emoções graciosas, loucuras olfactivas e tempestades do coração

ou descrever sentidos atentos e curiosos

do que resta do desconhecido...

ou até descobrir qual é a distância entre os meus pensamentos e as tuas mãos?

Talvez um dia, a anos luz daqui, possivelmente submersa em ravinas nebulosas, a minha alma viva acima de mim, sem memória.

E onde não haja sinal de nenhum dos sentimentos que me assolam agora.

Mas hoje, Hoje ...

os pensamentos correm através de mim como cascatas aquecidas.

E de olhos fechados, sinto-te quase aqui, tocando a minha pele, respirando o perfume criado a partir do nosso amor.

Que dirias tu de tudo isto, meu amigo-cúmplice?

Por mim, direi apenas que te amo.

Amo-te com mais paixão do que todas as histórias de amor de antigamente, ou até mesmo de agora.

Para ti, estarei sempre para além de amante e de mulher, fora da tua pele, além de qualquer sonho e de mim também,

como tinha de ser,

e é!

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