Relevos do tempo
Autor: Frederico De Castro on Monday, 6 October 2014
Relevos do tempo
Estarei sempre atento
aos teus lentos crepúsculos
falarei apenas
o que tiver pra falar
medindo na esquadria dos tempos
qualquer verbo inacabado
numa simples subtracção
de um legado
que se esconde ilibado
pelas ruas dos nossos
sonhos amargurados
Estarei sempre seguindo
em todas as tranjectórias hoje assumidas
a benevolência premeditada no coração
deixando nossas marcas recentes
quando o rumo do amor
for sinonimo de conivência
repleto de embriagadas transparências
Serei sempre mais lua
até quando o sol se fôr
serei tanto mar
até quando a sede chegar
declararei abrigatórias leis
repletas de memórias e desabafos
debaixo de uma benevolente poesia
sem amnésias e imponderáveis
sem acidentes ou contracurvas
rectas indeléveis
sentidos únicos,
sempre em constantes
resignados silêncios
tantos abraços paralelos
perdidos no relevo do tempo
esquecidos no ventre montanhoso
em que me acudo e embargo
Serei esquivo e imune
ao amor inusitado
tanto mais se necessito
quando te quero premeditado
quanto existo sem me iludir
se até ao morrer
me sentir desapontado
onde me oculto feliz
num único desenlace
quando assisto reverente
a tanto amor exaltado
FC
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