ressentimento das massas
Canto 01
Acho que minha poesia é um canto frustrado de cantor exilado , frustrado por não poder cantar em seu próprio país, sem poder crescer, sem poder cantar, é zumbido de turbinas de avião é pássaro que cantou com o coração é ritmo de savanas tripulado por heróis afro-resistentes é souto no ar é cacofonia de brincantes no horizonte é dor por trás de um sorriso alegre .
Canto 02
É desespero de desempregado na fila de espera por falsas promessas, batendo em portas suicidas, impactos de batidas frontais de carros egípcios , gritos da presa e predador em batalhas persas , motor turbinado de ansiedades , dores e tumores que se esvai no ultimo combustível da vida é falta de perspectiva diante de uma flor pequena, poesia morta remota, é esperar sozinho no salão da mente, vento sem direção luz de velas ultimo sopro na UTI da solidão , mesa de bar de um bolero eterno.
Canto 03
Prossegue meu canto em uma marcha insana lamuria e dores na faixa de gaza, olhares perdidos atrás de fronteiras inexistentes, sem direção , bocas vomitadoras de elixir de mal sorte, tomou uma dose em bar fétido deu um passo a frete e dois passos para trás assim é meu canto poesia remota torta ziguezagues de destinos fragilizados, entrou na desarmônica uma orquestra seguindo em um gueto sem saída, é poesia magoada e ressentimentos de massas urbanas esperando seu deus ferroviário , é passadas de zumbis autônomos é café gelado em cima da casca do verbo da letra de papelão, morre com um sopro morre com uma desilusão quem cantará meu canto.