Retratos do silêncio

- Cede-me a lua nocturna
 
implora-me quantas vezes
 
o eco da leda e fragrante
 
madrugada
 
tão breve assim enamorada
 
se anunciar
 
 
 
– E caso eu pudesse
 
imaginar no presságio do teu olhar
 
cada feliz encontro que o amor
 
em si deixa abreviar
 
ficava aqui
 
inteiramente por ti
 
calado
 
habitando cada centímetro
 
da luz serena atraente
 
que acalenta
 
e nos abraços e beijos, acutilante
 
inconsolável se alimenta
 
 
 
– Na corrente dos rios deixo
 
por fim fluir todo o verbo gerado
 
na maciês das palavras
 
nutridas
 
e adornadas na candidez
 
dos versos  destemidos
 
tão tremendamente àvidos quanto a vida
 
tão impossíveis
 
quanto a deslumbrada alegria
 
que recolho apaixonado
 
pelo instinto peregrino
 
dos nossos seres incinerados
 
na fogueira de todas as vaidades
 
FC
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