Revivendo o século XIX no Porto Antigo

Passeando pela Ribeira estou neste momento;

Não fisicamente mas, em pensamento;

Vejo carros de bois por estas ruelas e becos;

Ouço gente originária de Trás-os-Montes e Beiras;

Que acabam de chegar cansados em fileiras;

Para entregarem os seus produtos a este Porto;

Cheio de gente bairrista, aguerrida e sincera.



Entrei numa tasca, na Alfândega, um homem desabafa para mim;

Das suas queixas, de vida dura que não tem fim;

Passando por sacrifícios para aqui chegar a este porto.

Vê-se barcos rabelos, que o Douro o transportou das terras Durienses;

Para esta terra de verdadeira azáfama e troca de bens.



Que o permitia falar de sua ventura e riqueza aqui obtida.

Despedi-me e sai. Em direcção ao Passeio Alegre vejo ricas moradias;

Alguém me comenta que são de deputados das rurais províncias;

Que aqui constroem para trocarem de ares ao redor de um Campo Alegre;

Passeando na Foz, acenaram-me Queiroz e Ortigão com a sua simpatia;

Me convidam ir ao café Cenáculo, para participar aos seus serões;

Antero encostado num banco de jardim estava com uma nostálgica apatia;

Dizem-me: ” Este não tem onde cair vivo!” Fiquei com pena e a pensar!

Convidaram-no para nos fazer companhia nesta noite fria e para não se atrasar.

Antero e eu calados a ver as noticias que circulavam nos seus corações:

De uma certa nostalgia do Portugal tradicional e dos seus tempos áureos.



De regresso apanhei o americano que me conduzia para Matosinhos e Leça;

Muito cheio estava. Vi uma velha varina com muita mágoa e a chorar:

Dizendo para a sua vizinha que o seu marido já não estava cá neste mundo a morar.

Entristeceu-me. Fui-me deitar numa albergaria junto a uma praia que numa terça;

Serviu-me já no século XXI para escrever este reviver do passado.

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