Ruína

Sem encontrar-se. 

Viajante pelo seu próprio torso branco. 

Assim ia o ar. 



Logo se viu que a lua 

era uma caveira de cavalo 

e o ar uma maçã escura. 



Detrás da janela, 

com látegos e luzes se sentia 

a luta da areia contra a água. 



Eu vi chegarem as ervas 

e lhes lancei um cordeiro que balia 

sob seus dentezinhos e lancetas. 



Voava dentro de uma gota 

a casca de pluma e celulóide 

da primeira pomba. 



As nuvens, em manada, 

ficaram adormecidas contemplando 

o duelo das rochas contra a aurora. 



Vêm as ervas, filho; 

já soam suas espadas de saliva 

pelo céu vazio. 



Minha mão, amor. As ervas! 

Pelos cristais partidos da morada 

o sangue desatou suas cabeleiras. 



Tu somente e eu ficamos; 

prepara teu esqueleto para o ar. 

Eu só e tu ficamos. 



Prepara teu esqueleto; 

é preciso ir buscar depressa, amor, depressa, 

nosso perfil sem sonho. 

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