Súplica

Deram-nos todas àquelas horas fora dos tempos,
Deram-nos a flor perdida por anos atrás

Anjos tortos jogam gosto para dentro de bocas
Bem no momento que o sangue seca,
Bem na época tonta do corpo sem carne.

O amanhecer não pensa o dia
Nem culpa a noite.

Viram o ereto meio dia excitado
Na comunhão transparente do espírito vestido

Estrelas eram pedras de luzes amarelas
Feitas fontes a despejar águas simples
Pelos cursos das memórias lápides desenterradas.
Todos assobiaram aconchegos nas bocas belas das almas.

Povos dentro de fotos do tamanho de gigantes da antiga Grécia
Esculpidos em Homeros sem olhos
Nos orvalhos opacos deflechados na hora fora do tempo.

Haverá enfim que não se acaba
E não se finda nunca
Para sempre monge de pensamento casebre pico de altas montanhas bruxas
Ocultas no decifrar devorado da leitura do toque fixo

Nas estradas dos trigais de ouro dias dão mãos às noites xingonas
Para imortalizar horizontes nas falas solitárias
Adentro dos seios da mãe paciente

Palmas no rosto vizinho calado
Cotovelos concretados

Jamais serás capaz de rezar sonhos de fim de estrondo
Se fores pobre inoculado veneno surto
Gesto que sobrevive ao cá
Ronco imperdoável aflito frio disforme

Ainda havia ninhos e pássaros a nascer estúpidos
No luto quente de serrilha inócuo ao enxofre
Salto do rastejo sutil das veredas em alto horizonte.
Pediram todas as vozes das vezes,
Todos os toques
Tudo que vês.
Tudo de vez?
Não
Algo mais uma outra vez.

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