Saí por aí...
                          
              
        Autor:  Frederico De Castro on Friday, 23 September 2016        
      
    
  
    
	 
	 
	 
	 
	 
  
 
  
      
  
    
  
	Saí pra sonhar
	e regressei nos teus exclamados
	cânticos de vida onde quero
	pra sempre me embrenhar
	Juntei todas as travessuras
	decantadas na bagunça
	do tempo enraizado na minúscula
	janela de eternidade onde
	captei a textura dos sonhos
	sem identidade ou estatura
	Envolvi palavras dóceis
	no mesmo dicionário
	onde reescrevo cada instante
	de um instante distraído onde
	mora nosso destino
	visionário e delirante
	Saí por aí
	elaborando dóceis momentos
	tatuados na anatomia do silêncio
	embrulhando meus versos
	todo amor que se revela
	eclipsando desamparados ventos
	condimentados com juras eternas
	onde a vida finalmente a nós se atrela
	Saí deste cenário
	tornei-me extinto
	reservei na própria existência
	uma pacata lembrança
	de nós
	Afugentei manhãs encarceradas
	no meu calendário intemporal
	Reafirmei meus passos inseguros
	quando abotoei de vez
	todas as lembranças
	e certezas
	inevitavelmente destinatárias
	aos mesmos retratos esquecidos
	à mesma saudade ajustada e
	distraída em brados póstumos
	que te deixo d’improviso
	Saí por aí
	recolhendo teus esmerados enfeites
	que desaguam
	no rigôr do meu estuário onde
	se despenham nossos desejos
	nossas tentações
	e tantas maquinações arquivadas
	no semblante do silêncio fecundo
	onde demos à luz
	tantas sinuosas palavras
	cuidadosamente arrumadas na farpela
	do tempo tão vagabundo
	Saí por aí
	teçendo um vocabulário trajado
	de amor e poesia descomedida
	adornada com gargalhadas vertiginosas
	qual breve assomo delicado
	onde cimentamos cada meiga
	expressão derradeira
	com afectos apetecidos
	assim loucamente acometidos
	FC
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