Saber contar a tempo

Saber contar a tempo

 

Caminho

para os sessenta.

Que quem anda não se senta.

Mas não se caminha

só com os pés,

não se iria a lés.

Anda nossa Terra

Sem dar um passo.

Que em paz

ou guerra

Seu desenlaço

é pelo seu andar

Que o tempo faz

passar.

 

Não quero que ela pare

O tempo não é doença

que se sare,

nem é ofensa.

O tempo é vida

É uma partida

É percurso migratório

Se não se faz o certo

Para longe ou perto

faz-se a incerteza

Com certeza

o tempo é incauto

e auto.

 

Com o tempo

Somos mais.

Somos filhos e pais

Quando jovens

Temos objectivos,

ou devemos ter.

Com o tempo

temos objecções

a remover.

Mas somos sempre

uma rosa,

mesmo se não mimosa.

Pelo menos presente.

Quando as pétalas

desmaiem

caiem.

De pétalas

o caminho cobre-se

E que admiravilhoso

é esse caminho.

De mel e vinho

Charmoso.

Cor leda

Tocar de seda

sensual

já no final.

Que o Amor,

seja ele qual for,

descobre-se.

 

Já não me importa

Ser a rosa torta,

Ser a única

cheiro a jasmim,

deste jardim.

Ser a da túnica.

A que inventou

a cor-

-do-amor

A que encantou

A que valeu milhões

A que galvanizou razões

Só quero ser a rosa

Do sorriso largo

De movimento cargo

 

Com o tempo

o que importa,

mais que a rosa,

é a roseira

que a conforta.

Conhecer a eira

Soalheira

Evitar qual mariposa

O chovido nabal

Evitando o fatal.

Com o tempo

quero viver

sem sofrer

meu ideal

de pedra a cal.

E quero ser

semeador de sorrisos,

de ideais

menos precisos,

menos ou mais

concisos.

Que os sorrisos

Não estão nos dentes

do siso

Estão sim nas mentes

No biso.

No brilho

Dos olhos

que vêem tudo

Riso não mudo.

E eu quero ser milho

Quero ser molhos

Quero plantar o rir

no pintar de uma criança.

Quero ser o Sol a sorrir

E casinha de esperança.

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