Satisfaz-me, somente, ser
Autor: Rui Correia on Saturday, 3 January 2015
Satisfaz-me, somente, ser.
Não vivo para além do que sou,
Nem sou para além do que vivo.
A morte, como um entardecer, é natural
e pinto-a como um grito que calou
Para jamais ser ouvido.
Sou, sentado no tempo
E acarinhado pelo destino,
Feliz, sendo o momento
Que me aparece no caminho.
Não me aventuro, porém,
A enfeitar a minha personalidade
Com o profano além-humano...
Tenho errado a certeza da falsidade,
Como quem despreza...
Porque da morte ninguém escapa.
E se temos a alma presa
A este destino sem sorte,
Escondido pela capa do desconhecido,
Porquê viver sozinho?
Até a morte, como que mentindo,
Grita, cá e lá,
Mas o tempo, verdadeiro, vai-se repetindo,
Apagando o som que há.
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