Saudade de ser
Eu tentei chorar
porque não consigo controlar o tempo;
um ambicioso pesar
que me provoca este desalento.
Quero estar e ser
quem me custa não ser e estar
por não mais que nascer
longe de quem me faz chorar.
Este odor palpável,
que emano da saudade,
torna-me desagradável
ao nariz da felicidade;
intragável.
Olho para a essência da felicidade
como olho para a essência de uma pedra.
Com os olhos. Sei que existe
e que a sua existência influencia;
mas é-me indiferente,
não me prejudica nem me beneficia.
Esforço-me por coexistir com ela,
porque é o objectivo da sociedade;
e desejo desta pequena janela
alcançar a grande cidade;
mais que tudo.
Sem alento, enfim,
o meu ser carrancudo
leva-me de mim
e eu, gemebundo
e desfeito, espero o fim deste fim.
Rui Correia
Comentários
Clerton
Sáb, 28/06/2014 - 04:52
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Parabéns cara, belissímo
Parabéns cara, belissímo poema!
josé João Murti...
3ª, 01/07/2014 - 11:33
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Muito bom
Inspirado, a alma do poeta sacia a sede na tristeza e melancolia.
Um abraço