Sede Infinita

Jaz ali inerte
 
em quarto crescente
 
expectante
 
essa lua
 
desfolhada em mil raios de luz
 
que roubei à noite cintilante
 
procurando afectos extravagantes
 
elucidativos deste meu mundo fulgurante
 
impregnado de doações ilimitadas de
 
de carinho flamejante
 
 
Senti só no corpo
 
as veias ardendo em busca
 
de mais transfusões de amor
 
deliciei-me a forrar nossas
 
saudades com afagos sem dor
 
adoeci no teu colo
 
à espera de todo cuidado intensivo
 
aperfeiçoado em compassos
 
constantes
 
abnegados
 
tão sedativos
 
às vezes tão préviamente
 
desesperados e convidativos
 
 
Esculpirei mais letras
 
desta poesia
 
conciliada em preces
 
comemorativas de vida
 
entoarei melodias sopradas
 
por palavras surradas e
 
escondidas sem meu consentimento
 
sou capaz até
 
de conspirar contra a inevitabilidade
 
de um desencontro
 
mas revelarei
 
se quiseres
 
onde deixámos enlaçados
 
tantos abraços
 
tantos queixumes escorrendo
 
de mansinho nesta impaciência
 
que espera a cada momento
 
novo reencontro
 
definitivo,emotivo
 
como antes
 
num dia cheio de canções
 
vestidas de improviso
 
 
Se ficares por aí
 
aqui estarei
 
despertando teus silêncios
 
que me ferem a calmaria
 
consumida pelas insónias
 
exibidas em fragmentos
 
cinematográficos
 
onde me rendo incondicional
 
à subtileza instintiva dos teus beijos
 
embriagando minha narrativa
 
persuasiva
 
encrespando cada elegante manhã
 
que se perde neste Abril
 
retocado de sedativos
 
onde morre tua ausência
 
repetitiva
 
só esperando minha serventia
 
por um minuto de eternidade
 
ou quem sabe
 
prorrogada mais além
 
onde mora só mesmo a saudade
 
FC
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