(sem título)
a sofística demência do poeta
expulsa-me da alma o sonho anunciado
e o poema cala-se-me na boca desiludida;
o presente é agora um feixe de folhas
brancas, sufocadas em palavras despidas
- talvez o verso 'inda se acuse,
por entre as estrofes magoadas
ao encontro da rima arrependida
que absolva as reticências glosadas
no capricho nietzschiano do poeta
ó musa cuspida no não sentido da palavra
inquieta! não me renuncies ao silêncio do mote acidulado!
recria-me agora no corpo das letras abandonadas!
reedita-me logo na alma do verbo amargurado!
até que eu sangre os poemas melífluos
que me estrangulam as artérias do desejo!
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ou até que o poeta volte,
para me beijar a imortalidade da loucura,
para me morder a esdrúxula angústia volvida,
para me lamber o silêncio ferido da flor,
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não me digas adeus, poeta!
não na minha boca!
a noite toda,
a pluma aluada na tinta do licor,
na espúria da tenção traída,
inscreve-me, assim, a Poesia