Sem Título 8

Danças.
E as palavras do corpo
movimentam-se
na extensão doutro corpo
suspenso pela música
junto aos corações a crescerem-se
indefinidos e lentos.
A luz a retocar
a força por fora
dos olhos cúmplices.
Os corpos
a estremecerem-se
um no outro adentro
porque têm muito
que falar subtilmente
entre apaixonado toque
e tremores puro
dos dedos sem ver
todos os passos às voltas
das palavras à superfície funda
terão sempre o que dizer.
O compasso das mãos
a fluírem dentro
das pernas musicais.
Tanto para dar
tanto para receber
infinitamente
num acaso ordenado.
Danças
com a profundeza
dos braços
em espaço desenhado
ante a desordem aérea
e nos mútuos braços
se imobiliza
a perfeição
do tempo a ecoar
nos peitos entre
a cantiga dos pés
e os outros pés
a florirem
das danças exprimíveis
como para respirar
a alegria química
da energia num vácuo oculto.
Esvoaça toda a arquitectura
pelo silêncio na cintura
mesmo flexível
e as energias soltam-se
entrelaçadas
com os rostos
desprendidos contra
si próprios.
Então ninguém se fala
mas os corpos poderosos
sobre cada
palavra actuam
e as bocas inundam
todos esses corações.
Danças.
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