Sempre Viva

O relógio da torre continua seu trabalho,
sempre preciso e alheio ao que se passa.
Pois no tempo não há uma fenda, um talho,
e sempre é preciso ser alheio ao que se passa.
 
como a flor, rósea e seca, que deixaram na sua porta.
sempre-viva, arrancada com força, por um que passa.
que mal sabe da verdade: a sempre-viva, está sempre morta.
para sempre perdida... pela dor da pétala que se amassa.
 
arranco-lhe as pétalas perguntando se me amas ou não,
depois de despedaçada, coitada, pergunto se ainda viva,
está a sempre-viva, ou se sempre morta, jogada no chão,
despetalada por um egoísta que só quer saber de sua diva.
 
és para mim como uma flor, o que, para sempre, me deixa temeroso,
pois nasces, amanhecer por amanhecer, com seus olhos brilhantes,
e morres em cada crepúsculo deixando apenas seu aroma gostoso.
e vais, assim, sem nada levar, nem mesmo moedas pra Caronte.
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